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Situação na Cracolândia não se resolve com bombas, aponta psiquiatra que atua na região

Segundo ele, população local busca moradia, emprego e tratamento contra a dependência

por Rodrigo Borges Delfim em 09/12/20 23:06

As imagens de um arrastão na área conhecida como Cracolândia, na região central de São Paulo, viralizaram nas redes sociais na última terça-feira (8). No entanto, elas já fazem parte do cotidiano e são relatadas de forma constante por moradores e profissionais que atuam naquele pedaço da cidade.

Uma das pessoas que presenciou o ocorrido na região foi Flávio Falcone, psiquiatra pela Unifesp e que desenvolve projeto com a população que vive em torno do crack. Ao Almoço do MyNews desta quarta-feira (9), ele contou que a situação toda começou após um ataque com bombas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar contra o fluxo, como é conhecida a massa de pessoas usuárias de crack que se concentra na Cracolândia.

Em reação, conta Falcone, parte das pessoas se revoltou e começou a atacar veículos na região. “Óbvio que eu não apoio esse tipo de ação, mas foi uma reação à violência praticada pela GCM e pela PM”.

O psiquiatra, que atua na região desde 2012 e se veste de palhaço para facilitar a aproximação com os usuários de crack, vê esse e outros conflitos na região conhecida como Cracolândia como parte de uma disputa de território, na qual quem está no fluxo está fora dos programas de moradia previstos para a área. E a ação dos policiais seria uma forma de expulsar pouco a pouco essas pessoas.

Questionado sobre o que poderia mudar a situação da Cracolândia e de seus moradores, Falcone cita uma pesquisa feita pela Unifesp que identificou três desejos principais: moradia, emprego e tratamento contra a dependência da droga.

“O problema não se resolve com violência policial. O que aquelas pessoas precisam é de moradia, emprego e de um tratamento que olhe pra necessidade de cada uma daquelas pessoas ali. E que a internação e abstinência sejam alguns dos recursos a serem utilizados, não os únicos como tem sido até agora”.

Segundo nota emitida pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo, os ataques da PM foram uma resposta a atitudes de integrantes do fluxo, que teria jogado pedras e pedaços de paus.

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