Segundo a jornalista Juliana Braga, do Canal MyNews, Moro teria pedido até novembro para avaliar possibilidades, mas poderia antecipar prazo interessado numa aliança com PSDB
por Redação em 07/10/21 05:27
Participando de vários encontros políticos desde a semana passada e tentando viabilizar uma candidatura à Presidência da República, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro reuniu-se na última semana com políticos de diversos partidos. João Dória (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e também com dirigentes do Podemos. Segundo a jornalista Juliana Braga, do Canal MyNews, Moro teria pedido até novembro para avaliar as possibilidades de se eleger presidente, mas poderia antecipar esse prazo interessado numa aliança com o PSDB e na possibilidade de ter o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como candidato a vice na chapa.
“A presidente do Podemos tem conversado inclusive com partidos do Centrão, tentando trazer uma chancela de político tradicional para Sérgio Moro – que teve uma postura na Lava Jato que foi amplamente criticada dentro do Congresso como uma antipolítica. […] (a intenção seria) não deixar para novembro, mas trazer para outubro, de olho nas prévias do PSDB. Moro estaria de olho em Eduardo Leite como possibilidade de vice porque o partido tem conversado com outras legendas do Centrão e o Centrão não quer saber de Sérgio Moro. Então, com Eduardo Leite ele viu a possibilidade de ter um partido tradicional ao lado dele”, revelou Juliana Braga, durante o Quarta Chamada desta semana.
Braga revelou que outras fontes do PSDB confirmaram que, apesar de Eduardo Leite já ter dito que não deixará o governo do Rio Grande do Sul para se candidatar, o partido poderia ocupar a vaga de vice de alguns possíveis candidatos, como o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), mas que a resposta sobre a possibilidade de ser vice numa chapa com Moro foi dada com um pouco de ironia, com ‘emoji’ de careta e tampando os ouvidos. “Moro está tentando a chancela de político tradicional, mas está com dificuldade de alguém que tope essa empreitada”, analisou a jornalista Juliana Braga.
Para o ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, a possibilidade de Sérgio Moro conseguir apoio político para a sua candidatura é difícil por conta da sua atuação na Operação Lava Jato.
“A Lava Jato tinha no seu horizonte proclamado uma posição virtuosa, que era o combate a corrupção. A corrupção gera desvio de dinheiro público, aumenta a exclusão social. Lembro de uma expressão de Montesquieu que diz ‘todo homem que tem o poder tende a dele abusar’. Essa expressão tem um complemento que é: ‘até a virtude precisa de limites’. Aqueles que se julgam muito virtuosos são aqueles que solapam outras virtudes e se tornam verdadeiros arbitrários. A Lava Jato conseguiu uma façanha de, a pretexto de combater a corrupção, incentivá-la historicamente”, analisou Cardozo, explicando que, ao condenar sem provas e promover o que chamou de “uma inquisição”, atuou contra o estado de direito no Brasil.
José Eduardo Cardozo acredita que a classe política vê o ex-ministro Sérgio Moro como “execrável”. “Os honestos veem ele como execrável, porque correram risco de serem condenados pelo simples fato de serem políticos; e os desonestos veem nisso uma armadura para poderem continuar se protegendo nas práticas que fazem. Então a Lava Jato fez um desserviço histórico ao combate à corrupção, ao contrário do que a gente pensa imediatamente. Ela conseguiu atingir empresas, e é perfeitamente possível combater o corrupto pessoa física sem pegar a pessoa jurídica. É perfeitamente possível fazer um monte de coisas que eles não fizeram na cruzada contra o Estado de Direito que eles fizeram”, completou.
Para Cardozo, Moro terá dificuldade de ter um partido político e de alçar voos na candidatura. “Terceiras vias se criam entre os polos A e B, porque crescem sem serem percebidas. Numa possível campanha, Moro seria alvo pelo que fez a Lula e pelo que Bolsonaro acha que ele fez. Então ele não teria o espaço para crescer desapercebidamente. Posso queimar minha língua, mas não vejo terreno para uma candidatura de Sérgio Moro. Quem embarcar na canoa de Sérgio Moro se afunda”, concluiu José Eduardo Cardozo.
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