2020 chega ao fim no Brasil sem um plano consistente de imunização
por Fernanda Melchionna em 20/01/21 17:31
Enquanto Bolsonaro seguir presidente, nossa luta contra as trevas infelizmente terá de seguir. O ano de 2020 chega ao fim sem um plano consistente de imunização, enquanto a maior parte dos países do mundo já começam suas previsões. Mais do que incompetência da extrema-direita, trata-se de uma guerra ideológica contra a ciência e a vacina.
A primeira luta que precisamos travar será pela vida. Entretanto, a situação econômica e política deve se deteriorar ainda mais no ano que se aproxima. Se conseguirmos derrotar Bolsonaro e Paulo Guedes, conquistando o auxílio emergencial de R$600 no momento em que desemprego bateu recorde e a inflação dos alimentos corrói o nível de vida do nosso povo, a tendência é que a partir de janeiro este direito seja retirado. Por meio de uma Medida Provisória, Bolsonaro reduziu o benefício à metade e estipulou seu fim para o ano que vem.
Politicamente, embora a extrema-direita tenha perdido as eleições municipais de 2020 e as reservas democráticas do país tenham estancando momentaneamente a sanha golpista expressa nas passeatas fascistas que assistimos indignados em março e abril deste ano, ela segue com a caneta, com o gabinete do ódio e com uma estratégia de médio prazo de fechamento das liberdades democráticas por dentro do regime político. Mesmo sem forças para momentaneamente acabar com a auto-organização do povo, seria um erro não identificar esse risco e descartar as viabilidades de Bolsonaro em 2022. Ou seja, 2021 nos exigirá muito!
Devemos colocar a luta pela vacina no posto de mando e derrotar os negacionistas para salvar vidas, defender o meio ambiente frente às forças do atraso que estão desmatando nossas florestas, e fazer toda unidade de ação necessária para preservar as liberdades democráticas previstas na Constituição Federal, mantendo nossa independência política para que os trabalhadores não paguem a conta da crise econômica.
A saída para preservar direitos, gerar empregos e reduzir as desigualdades é cobrar o andar de cima. Devemos taxar as grandes fortunas e os lucros e dividendos, auditando a dívida pública, ao invés de atacar os servidores públicos, privatizar nossas estatais ou reduzir investimentos na saúde e na educação, como preconizam os neoliberais de plantão. Essa batalha depende também da capacidade de alterar a correlação de forças nas ruas, que é o lugar dos que lutam por uma nova política.
Fernanda Melchionna, 36, é deputada federal pelo PSOL-RS e vice-líder do PSOL do partido na Câmara dos Deputados
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