MyNews recebe Pedro Marcondes, formado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela Academia de Polícia Militar, para conversa exclusiva
por Redação MyNews em 17/01/25 12:06
MILÍCIA RIO DE JANEIRO MARIELLE
A segurança pública no Rio de Janeiro continua como pauta principal no estado, independentemente de mudanças de governo. Os problemas permanecem os mesmos: guerra por territórios, roubo de cargas e, agora, um novo fator amplia a insegurança para moradores e turistas — pessoas que entram, por engano, em comunidades dominadas pelo tráfico.
O MyNews conversou com exclusividade com Pedro Marcondes Thut Medeiros, Capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo e formado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Ele respondeu a algumas perguntas sobre a insegurança carioca.
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R: Pedro Marcondes:
“Não existem soluções simples para problemas complexos. A situação no Rio de Janeiro representa um desafio para o poder público e exige esforço coordenado a longo prazo, com políticas sociais e de segurança pública. No curto prazo, pode-se considerar o reforço em ações de inteligência e operações direcionadas, além de maior foco em políticas de prevenção. É fundamental orientar turistas para evitar áreas controladas pelo crime organizado, planejar suas rotas com antecedência, evitar atalhos desconhecidos e buscar informações confiáveis sobre caminhos e áreas seguras.”
Nos últimos anos, o Comando Vermelho, maior facção do estado, avançou e tomou territórios antes dominados pela milícia. Pedro analisou formas de combater esse avanço e o crescimento do grupo.
R: Pedro:
“Esse crescimento se deve a uma combinação de fatores estratégicos, principalmente às fragilidades do Estado no enfrentamento ao crime organizado. Nos últimos anos, percebemos uma expansão nas atividades dessas organizações, que passaram a dominar não apenas o comércio de entorpecentes, mas também o comércio local de diversos produtos, como gás de cozinha e conexões irregulares de energia elétrica. Isso aumenta a influência do grupo sobre parte da população, garantindo a expansão territorial.”
Apesar de perder territórios, a milícia avança em outras áreas e nem sempre depende de um território fixo para ampliar suas atividades. Ela também tenta atuar no Carnaval e em outras esferas da sociedade. Como alterar esse cenário?
R: Pedro:
“Diferentemente do que muitos pensam, o crime organizado ocupa cada vez mais espaço no poder público. O Carnaval, por exemplo, já sofre influência do crime organizado em diversos estados, inclusive no Rio de Janeiro. Não ter um local fixo pode limitar algumas atividades, como o tráfico de drogas, mas, hoje em dia, as facções não se restringem mais ao tráfico. Para combater esses grupos, incluindo as milícias e outras facções criminosas infiltradas no poder público, é necessária uma abordagem focada em inteligência e depuração interna. Esse trabalho terá impacto direto nas demais atividades de segurança pública.”
Por fim, discute-se novamente a possibilidade de armar a Guarda Municipal do Rio de Janeiro. O município já conta com forças especializadas, como CORE e BOPE. Pedro opinou sobre a viabilidade de mais um grupo armado.
R: Pedro:
“A decisão de armar ou não a Guarda Municipal no Rio de Janeiro deve ser analisada com cuidado, considerando a missão constitucional, a área de atuação do efetivo e os índices criminais dessas localidades. É amplamente conhecido que, no Rio, quase toda a criminalidade tem acesso a armamento, inclusive de calibres restritos, que deveriam ser exclusivos das forças de segurança. Por isso, embora a GM tenha uma área de atuação distinta de outros grupos, é importante considerar que os criminosos não respeitam ‘áreas de atuação’. Talvez uma maior capilaridade no efetivo armado da segurança pública possa ampliar o poder de dissuasão e desestimular a atividade criminosa nessas localidades.”, finaliza Pedro.
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