Para cientista político, mudança no Ministério da Defesa aumenta influência da ala radical nas Forças Armadas.
por Juliana Causin em 29/03/21 21:17
Em meio a troca de seis ministérios do governo, o presidente Jair Bolsonaro demitiu o general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa e nomeou para seu lugar outro general: Walter Souza Braga Netto, atual Ministro da Casa Civil.
Para Lucas Rezende, cientista político e professor de Relações Internacionais na UFSC, que tem como foco de estudo as Forças Armadas, a troca representa uma influência ainda maior da “ala mais radical” do governo Bolsonaro nas Forças Armadas. “Não é um bom sinal”, avalia ele.
Em entrevista do Dinheiro na Conta, o pesquisador diz que o nome de Braga Netto para o Ministério da Defesa – que tem no guarda-chuva o comando do Exército, Marinha e Aeronáutica – representa um aceno de Bolsonaro a seus aliados mais radicais.
“Tudo indica que Bolsonaro está sim radicalizando, está aumentando a aposta em sua ala mais ideológica e sinalizando para aqueles apoiadores que ele pretende utilizá-las [as Forças Armadas] de uma maneira não democrática”, explica Rezende.
Além da mudança na Defesa, parte das trocas desta segunda-feira (29), para Rezende, sinalizam um afago do presidente ao Centrão — uma receita que, para ele, repete a mesma fórmula aplicada no golpe de 1964. “O presidente é saudoso dessa época. Se ele busca os militares mais radicais e se ele busca o Centrão, nós estamos repetindo a receita de 21 anos de Ditadura”.
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