PEC do estado de emergência libera R$ 41,25 bilhões para o governo em ano eleitoral
por Redação com Agência Câmara em 07/07/22 16:53
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou, na tarde desta quinta (7), a Proposta de Emenda à Constituição que institui estado de emergência até o final do ano (PEC 1/22), que ficou conhecida como PEC Kamikaze. O texto libera R$ 41,25 bilhões para gastos com benefícios sociais, como o aumento dos valores pagos pelo Auxílio Brasil. Com a aprovação na Comissão, o texto será analisado agora no Plenário ainda nesta quinta, onde passará por dois turnos de votação.
Pelo texto aprovado, o estado de emergência é criado sob o argumento de que a disparada do preço dos combustíveis, nos mercados externos e interno, provoca a deterioração do poder de compra da população e penaliza os mais vulneráveis. Na Comissão, a matéria contou com 36 votos favoráveis e teve o apoio de parlamentares de partidos de oposição, como o PSOL, o PT e o PCdoB. O único voto contrário foi do deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP).
O reconhecimento de estado de emergência serve para que os gastos não violem a legislação eleitoral. Pela Lei das Eleições, não pode haver concessão de novos benefícios ou distribuição de valores em ano eleitoral. A não ser em casos excepcionais, como estado de emergência. A despesas excepcionais não estarão sujeitas às principais regras fiscais vigentes, como o regime de teto de gastos, a regra de ouro e a meta de resultado primário.
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Debate
Durante a discussão, deputados da base governista defenderam a aprovação do parecer. “Num momento de crise mundial, estamos devolvendo [recursos] a quem mais precisa”, disse o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM).
O deputado Victor Mendes (MDB-MA) rebateu a acusação da oposição de que a proposta é ‘eleitoreira’ e visa apenas garantir mais um mandato para o presidente Jair Bolsonaro. “Ela pode estar vindo até no momento atrasado, mas desqualificar essa PEC é um desserviço. Ela vem para amenizar o sofrimento da nossa população”, disse.
Os partidos contrários à PEC alegaram que a proposta possui “caráter eleitoreiro”. A deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP) afirmou que a prova disso é que o aumento dos benefícios sociais só vai vigorar este ano. “Eu me pergunto se há alguma perspectiva de recuperação do País a partir de 1º de janeiro [de 2023]”, afirmou.
Crítica semelhante fez o deputado Reginaldo Lopes (MG), líder do PT. “Não se justifica reconhecer estado de emergência com data para iniciar e para terminar. A data é dentro do processo eleitoral”, disse. Apesar das ressalvas, os partidos votaram a favor da ampliação dos benefícios sociais sob a alegação de que isso sempre foi bandeira da oposição.
Também houve críticas ao impacto fiscal das medidas. Para o deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP), que deu o único voto contrário, a proposta tem potencial inflacionário, que pode “corroer os auxílios que estão sendo dados”.
Veja mais sobre a “PEC Kamikaze” no Almoço do MyNews desta quinta (7):
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