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Sem compra pelo governo, pode faltar seringa para vacinação contra Covid-19

Produtores pedem coordenação do governo federal e alertam contra corrida generalizada por seringas

por Juliana Causin em 10/12/20 18:15

Quando a vacina contra a Covid-19 for aprovada, o Brasil pode sofrer com outro problema: a falta de seringas. Os três fabricantes do país têm alertado publicamente o governo federal, desde agosto deste ano, para a necessidade de compra antecipada do material para a vacinação contra a Covid-19.

Apesar dos alertas, nenhum acordo foi fechado com o governo federal.

Os fabricantes dizem que, sem avanço nas tratativas com o Ministério da Saúde, o país poderá ter a vacina disponível, mas sem seringas suficientes para a imunização da população. Para dar conta de grandes demandas, o prazo médio de entrega no setor é de três a cinco meses.

Em entrevista ao MyNews, Walban Souza, diretor de Assuntos Corporativos da BD, um dos três fabricantes de seringas e agulhas do país, diz que o prazo mínimo para entrega na empresa é de 60 dias. Segundo ele, a fabricante tem alertado autoridades públicas sobre o problema desde maio e ainda aguarda a publicação de um edital de compra pelo governo federal.

Souza afirma que a falta de um planejamento conjunto entre os estados e o governo federal pode levar a um desequilíbrio da oferta das seringas no país. “A grande pergunta que eu faço: quantas doses de vacina estarão disponíveis? Até agora eu não sei”, questiona.

Ele diz que, sem um pedido centralizado, o Brasil pode viver uma corrida generalizada por seringas e ter estados com estoque e outros sem acesso ao material. “Estamos pedindo primeiro que os governos federais e estaduais se entendam. Está faltando um pouco desse bom senso”, afirma.

Brasil corre risco de ter falta de seringas para aplicação das vacinas contra a Covid-19.
Brasil corre risco de ter falta de seringas para aplicação das vacinas contra a Covid-19.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em nota, a Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos) pediu nesta semana “planejamento” para que “não faltem os insumos necessários para a imunização”.

Há meses, quando as tratativas com o poder público começaram, houve avanço na compra para alguns estados. Um acordo para compra de 40 milhões de seringas foi fechado com o governo de Minas Gerais e outro de 15 milhões foi acertado com o estado da Bahia.

Em São Paulo, o governo estadual abriu uma licitação para compra de 50 milhões de seringas e agulhas para a vacinação contra a Covid-19, mas dois pregões foram cancelados e um novo está programado para dezembro. Os fabricantes, neste caso, alegam ser inviável o cumprimento das exigências do chamamento: a entrega de 50 milhões de seringas em 30 dias.

Ainda em agosto, em entrevista ao Dinheiro Na Conta, do MyNews, o superintende da Abimo, Paulo Henrique Fraccaro, explicou que quando as vacinas estiverem prontas, a demanda pelo material para aplicação vai ser grande no Brasil e no mundo, com risco de preços altos e quantidade insuficiente dos insumos.

“Com certeza os preços irão aumentar muito, como vimos com os preços dos ventiladores e dos equipamentos de proteção individual durante o início da pandemia”.

O cenário pode ser similar ao que houve com equipamentos para a Covid-19: uma corrida dos países para compra de produtos, custos mais caros e falta de acesso. 

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