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Coluna do Aquiles

BALANÇO QUE CONTAGIA

Um instrumental de qualidade

De produção independente, 'Sonhando o Brasil' traz um compilado de músicas produzidas por Ricardo Herz, Fábio Leandro (piano) e Pedro Ito (batera e percussão)

por Aquiles Reis em 11/10/24 15:43

Hoje daremos atenção a Sonhando o Brasil (clique neste link para ouvir), álbum de produção independente de Ricardo Herz com o trio que ele formou com Pedro Ito (batera e percussão) e Fábio Leandro (piano). Todas as músicas foram escritas por Ricardo Herz, bem como a concepção e os arranjos, estes com contribuições de Leandro e Ito.

A tampa abre com Coco embolado, que vem levantando poeira. Segue-se um intermezzo arritmo de violino e piano. Logo o coco volta a embalar. O piano se destaca num improviso, bem como a batera. Tacet, o violino os aguarda para voltar arritmo, mas logo ensandecendo e fazendo o couro voltar a comer! O piano toca notas soltas. A pisada arrefece. A batera vai leve, até o coco reacender o ritmo.

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Em Afrosudamérica, o violino e a batera na caixa iniciam. Logo o piano e o violino se dão à melodia. A levada é lenta. A batera agora se vale de suas peças para apoiar o violino. Volta o piano em destaque, num improviso adequado à música. Aos poucos, o violino se achega a ele e à batera. O tema rola suingado. A batera se vale dos pratos para fechar o assunto. A dinâmica prevalece e, nos compassos restantes, encaminha o final.

Já em Melodiemonos, o piano abre, o violino vem a seguir. Arritma, a melodia é delicada. O violino sola, e a flauta em dó de Léa Freire lhe faz duo, mas logo dele se desgarra e protagoniza. O violino vem em seu apoio. A música que a todos ampara fez com que todos “melodiassem”.

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Na Siribobéia, o violino é destaque, no ritmo arisco. O piano o acompanha com um desenho que se repete. A batera segura a onda, o piano traz o improviso para si e os dois se entregam ao encanto rítmico e harmonioso da composição. O clima é megacriativo. Segue-se um vocalise da cantora Tatiana Parra, que a todos seduz. O piano retoma o desenho inicial. O violinista instiga e faz miséria com as cordas! O arranjo leva tudo, vozes (Parra e Herz) e instrumentos, a um tempo inspirado.

Com Sonhando o Brasil no frevo temos um violino formidável, tocando em pizzicato, em arranjo esperto. O violino segue. E, com o arrefecimento da pegada, a flauta baixo de Léa Freire pede passagem. Seu sopro aveludado impõe respeito e leva felicidade ao ouvinte. Agora com a flauta em dó, o esmero da instrumentista induz ao frevo, incrementado pelo pianista. A batera arrasa. O violino reassume o fervor do frevo e leva ao final.

Em Pé desliza, violino e piano soam em blocos sonoros aleatórios. O balanço contagia. Sabendo que, com esse arranjo, a tampa de Sonhando o Brasil logo fechará, o ouvinte põe-se em alerta máximo, pois nada poderia ter-lhe fugido aos ouvidos. Mas como, possivelmente, inúmeros detalhes poderão ter escapado dos ouvidos do ouvinte nas audições, há solução: o trabalho do trio de Ricardo Herz está nas plataformas de música para quem quiser dar-lhe tento e confirmar suas qualidades.

Aquiles Rique Reis

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