Lula e seus ministros precisam reagir. Sair das cordas. Uma luta pode ser ganha por pontos ou por nocaute.
Em 28/01/25 16:44
por Coluna do Prando
Rodrigo Augusto Prando é Mestre e Doutor em Sociologia, Professor universitário e pesquisador. Conselheiro do Instituto Não Aceito Corrupção, membro da Comissão Permanente de Estudos de Políticas e Mídias Sociais do Instituto dos Advogados de São Paulo e voluntário do Movimento Escoteiro.Textos essenciais de serem lidos para acompanhar e refletir sobre os movimentos da sociedade e do Poder.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do lançamento e implementação da Missão 1 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), no Palácio do Planalto | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 03/12/2024
Não faz muito, foi divulgada a pesquisa Genial/Quaest que apresenta um resultado ruim para o Governo Lula e, por isso, emite um sinal de alerta. Ainda que dentro da margem de erro, há, pela primeira vez, a reprovação ultrapassando a aprovação de Lula, em seu terceiro mandato: 49% desaprovam e 47% aprovam.
Lula entra na segunda metade de seu mandato e, no caso, a fala de Lula foi de que 2025 deverá ser um ano de entregas por parte do governo, pois se isso não ocorrer, o projeto de reeleição terá risco concreto de não se realizar. Voltando aos dois primeiros anos, faz-se necessário rememorar que o primeiro ano, 2023, Lula ficou lentamente graças aos atos de ataque às sedes dos três Poderes, em Brasília. Bolsonaro, portanto, é, provavelmente, o ex-presidente mais presente e ativo que tivemos no período da Nova República e não só. Bolsonaristas, seus aliados, continuam firmes e fortes numa oposição que o PT não havia enfrentado com tanta ênfase e, não menos importante, com tamanha malícia nas redes sociais.
E, no final de 2024, o que temos? Mais fatos conectados ao bolsonarismo na investigação não apenas da tentativa de golpe de Estado, bem como do planejamento de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Novamente, a pauta é, ainda que negativamente, voltada para a atividade do bolsonarismo.
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Lula – animal político – já percebeu que seu terceiro mandato é distinto dos outros e não teria como ser diferente. Lula já não é o mesmo, tem idade avançada e acidentou-se recentemente; a política, no Brasil e no mundo, apresenta um conteúdo alinhado, não raro, às teses ideológicas da extrema direita; o PT parece não mais conseguir dialogar com setores da sociedade que, noutros tempos, estavam presentes no discurso e na ação política do partido. Lembram-se da passagem de governo de FHC para Lula? Foi, por certo, a transição mais democrática e republicana que assistimos no país. E, assumindo o mandato, Lula e os petistas cunham o termo “herança maldita” para, politicamente, posicionar o PSDB como um partido praticamente nefasto no cenário nacional. O PT fez ferrenha oposição a praticamente tudo, do Plano Real até as políticas mais bem desenhadas pelos tucanos. Hoje, 2025, os petistas tem a oposição de bolsonaristas que no jogo não encontram problemas éticos em usar fake news, pós-verdades, negacionismo, teorias da conspiração e discurso de ódio, nas redes e nas ruas.
Lula, então, inicia a ideia de uma reforma ministerial. Troca o ministro da responsável pela comunicação. Sem dúvida, a comunicação pode ser melhorada. Comunicação é forma e, ao que tudo indica, falta ao governo apresentar conteúdo. Fernando Haddad é o ministro com maior destaque e com a missão mais difícil e não foram poucas as vezes que sofreu desautorizações de Lula e fogo amigo de seu próprio partido.
Aliás, poucos tiveram um ministério tão estrelado, composto de atores políticos que já foram candidatos a presidência: o próprio Haddad; Alckmin, que é vice e ministro; Simone Tebet e Marina Silva. Esses ministros tiveram o espaço necessário para exercer suas lideranças? A resposta parece óbvia, não é?
Ainda no que tange à comunicação, o famigerado vídeo do deputado Nikolas Ferreira foi uma bomba teleguiada na direção de um Planalto cambaleante e sem conteúdo concreto de entregas para se contrapor e apresentar à sociedade. Não tendo o que apresentar, o governo retrocede e, vergonhosamente, mostra uma fraqueza singular.
Lula e seus ministros precisam reagir. Sair das cordas. Uma luta pode ser ganha por pontos ou por nocaute. A força do governo para, simbolicamente, nocautear a oposição não se apresenta no momento. E a pesquisa aqui exposta mostra que, nos pontos, está atrás do adversário.
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