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SEGUNDA CHAMADA

Direita aprendeu a usar as redes, enquanto esquerda continuou com discurso acadêmico, diz cientista política

Para Deysi Cioccari, a organização dos conservadores no universo digital explica em parte o avanço desse núcleo no Brasil e no mundo, principalmente entre os jovens

por Sofia Pilagallo em 02/07/24 17:53

Cientista política Deysi Cioccari participa do Segunda Chamada de segunda-feira (1º) | Foto: Reprodução/MyNews

A extrema direita soube se atualizar e engajar nas redes sociais, enquanto a esquerda ainda fica presa em discursos acadêmicos e teorias complexas. Foi o que afirmou ao MyNews a cientista política Deysi Cioccari, que participou do Segunda Chamada de segunda-feira (1º). Para ela, a organização da extrema direita no universo digital explica em parte o avanço desse núcleo político no Brasil e no mundo, principalmente entre os jovens.

“A extrema direita soube se atualizar e engajar nas redes sociais. A esquerda, por outro lado, parece que ficou para trás. Ainda continua presa naqueles debates acadêmicos, congressos e reuniões intermináveis, discutindo a teoria do socialismo”, diz.

Segundo Deysi, a extrema direita começou a se fortalecer na última década, quando pessoas alinhadas a esse espectro político perderam a vergonha de expressar suas opiniões publicamente. Ela relembra que, em 2014, o ex-presidente Jair Bolsonaro à época deputado federal proferiu xingamentos misóginos a deputada federal Maria do Rosário (PT), dizendo, entre outras ofensas, que não a estuprava porque ela não “merecia”. Depois do episódio, Bolsonaro passou a ser chamado de “mito” por apoiadores. Como cada indivíduo vive hoje dentro da própria bolha na internet, não demorou muito para esse pensamento ganhar força.

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“Quando surge Bolsonaro, ele traz à tona um pensamento que boa parte da população só pensava nas sombras. Ele tira isso das sombras e traz à superfície”, declara. “Com as redes sociais, em que cada um vive dentro de uma bolha, esses pensamentos começaram a se retroalimentar. E então tem-se a situação social que se apresenta hoje.”

A cientista política ressalta que a força da extrema direita é tamanha que conseguiu pôr em xeque organismos que, antes, a sociedade tinha como sólidos, a exemplo dos veículos de imprensa e institutos de pesquisa. Para ela, uma sociedade em que as instituições são descredibilizadas é terreno fértil para o avanço desse posicionamento extremo. Os ideais reacionários ganham ainda mais força na medida em que a esquerda apresenta soluções subjetivas para problemas urgentes, como a segurança pública.

“Frases de efeito como ‘bandido bom é bandido morto’ são facilmente entendidas pelas pessoas. Já soluções mais subjetivas não são compreendidas de imediato. Então existe toda uma narrativa que justifica a ascensão da extrema direita”, explica.

Assista abaixo ao Segunda Chamada de segunda-feira (1º):

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