Com isso, legendas abrem mão de dar o tempo de televisão para os candidatos à presidência; no pequeno Patriota, Bolsonaro pode ser maior prejudicado
por Juliana Braga em 07/06/21 16:50
Partidos do Centrão hoje aliados ao presidente Jair Bolsonaro discutem liberar seus diretórios e não o apoiar em 2022. Se essa decisão se concretizar, PSD e Republicanos podem não compartilhar o tempo de televisão com nenhum dos candidatos à presidência. Para Bolsonaro, que se prepara para se filiar ao pequeno Patriota, esse desfecho pode ter um impacto maior.
O PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já larga na frente com 10,7% do tempo de televisão sozinho, por ter formado a maior bancada de deputados federais em 2018. Fechando alianças com PSB, PCdoB e PSOL, com quem conversa hoje, chega a 20,5% do tempo total.
Hoje, o mais provável é que PP, PTB e PL caminhem junto com o presidente no ano que vem. Caso isso aconteça, somado ao tempo do Patriota, Bolsonaro teria cerca de 17,3% do tempo de televisão destinado às candidaturas ao Planalto.
A diferença, de fato, não é tão grande. Mas se Bolsonaro tivesse conseguido manter o apoio do PSD e Republicanos, além do PSL, pelo qual se elegeu, chegaria a 40,1% do tempo total, o dobro de Lula.
O tempo de televisão é dividido de forma proporcional às bancadas de deputados eleitas na eleição anterior. A minutagem exata só é definida quando as candidaturas e alianças são feitas, e divulgada por uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Tempo de televisão, de fato, não é tudo. Em 2018, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin conseguiu a maior fatia, 5 minutos e 32 segundos, mais que o dobro da coligação do PT, com 2 minutos e 23 segundos. Não chegou nem ao segundo turno. Sagrou-se vencedor Jair Bolsonaro, que dispunha de míseros oito segundos no PSL.
Apesar de Flávio já estar filiado, Bolsonaro ainda pode surpreender. A Coluna do Estadão publicou no último domingo que enquanto os aliados do presidente estão com pressa, porque precisam resolver suas vidas nos estados, ele mesmo avalia que é melhor esperar para decidir em qual partido se filiar. Bolsonaro acredita que seu passe vai aumentar à medida em que se aproximarem as eleições e ele pode ir para algum partido com condições melhores.
Foi o que aconteceu em 2018. O Patriota mudou de nome, Flávio chegou a ajudar a redigir um novo estatuto, mas o presidente decidiu ir para o PSL. Resultado: o Patriota ficou a ver navios, de última hora não conseguiu montar alianças e palanques nos estados e o PSL fez a segunda maior bancada da Câmara.
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