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CPI da Pandemia remarca depoimento de diretor da Prevent Senior

CPI da Pandemia considerou a ausência como uma “ação protelatória de má-fé”. Reportagem revela que Prevent Senior teria ocultado mortes em estudo sem autorização

por Julia Melo em 16/09/21 19:52

Após faltar ao depoimento marcado para esta quinta (16) à CPI da Pandemia, o diretor-executivo da operadora Prevent Senior deve prestar esclarecimentos aos senadores na próxima quarta (22). Os advogados de Pedro Benedito Batista Júnior enviaram um comunicado à CPI na manhã de hoje, alegando falta de tempo do executivo para se apresentar para depor. A CPI considerou a ausência como uma “ação protelatória de má-fé”, pois os advogados de Pedro Benedito Batista Júnior haviam recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele pudesse permanecer em silêncio para os casos em que pudesse ser incriminado.

CPI da Pandemia remarca depoimento Prevent Senior
CPI da Pandemia remarcou o depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior para a próxima quarta (22)/Foto: Pedro França/Agência Senado

Os senadores querem explicações de Pedro Benedito sobre uma possível pressão da operadora de saúde para que os médicos conveniados prescrevessem os medicamentos do “Kit Covid”, ou “tratamento precoce para Covid-19”.

Uma reportagem da Globonews revela que a Prevent Senior teria ocultado mortes em estudo sobre cloroquina, em tratamentos sem autorização e sem informar aos pacientes e a suas famílias. Nove pessoas teriam morrido durante a pesquisa, enquanto a empresa só registrou dois óbitos. A pesquisa teria testado a eficácia de dois medicamentos associados: a hidroxicloroquina e a azitromicina, no tratamento da Covid-19. Pelo menos seis pessoas desse grupo podem ter sido tratadas com o uso de hidroxicloroquina e azitromicina.

Segundo o dossiê recebido pela CPI da Pandemia em agosto, elaborado por ex-médicos da Prevent Senior, a operadora de saúde teria um acordo com o governo Bolsonaro para disseminar essas e outras medicações.

Presidente Jair Bolsonaro mostra medicamento
O presidente Jair Bolsonaro chegou a falar sobre alguns medicamentos que fariam parte do “kit Covid” e que não tinham eficácia comprovada/Foto: Carolina Antunes/PR

O senador Omar Azis (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, submeteu um requerimento de pedido de informações ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) sobre denúncias de ameaças feitas aos médicos. Alguns pacientes também teriam sido assediados a aceitarem o tratamento em teste e sem eficácia comprovada. Por sugestão dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE) também devem ser convocados os profissionais de saúde que foram intimidados, possivelmente para uma audiência fechada.

Apesar de poder prosseguir com os depoimentos até o mês de novembro, a CPI da Pandemia deve apresentar o relatório final no próximo dia 24 de setembro. Os senadores ainda não chegaram a um acordo de como será a apresentação, nem se convidarão parentes de vítimas da Covid-19 para uma sessão especial de finalização da Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório deve apontar para o indiciamento de autoridades, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por crimes comuns, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade.


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