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Bolsonaro desautoriza Mourão e segue sem se posicionar sobre invasão russa

Em sua live semanal transmitida na noite da quinta-feira (24), Bolsonaro disse que Mourão não deveria ter se pronunciado em nome do governo federal sobre conflito entre Rússia e Ucrânia.

por Julia Melo, Suzana Souza em 25/02/22 11:59

Presidente Jair Bolsonaro em live vinculada na quinta-feira (24). Foto: Reprodução (Youtube)

Em sua live semanal, vinculada na noite da quinta-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro (PL) desautorizou o vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão, que havia dito que o Brasil não está neutro no embate entre Rússia e Ucrânia.

Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, o presidente afirmou: “com todo respeito a essa pessoa que falou isso [que o Brasil não era neutro] e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela, é de competência nossa. […] Quando é que eu falo qualquer coisa sobre esse problema Rússia e Ucrânia? Eu falo depois de ouvir o ministro Carlos França, das Relações Exteriores, e o da Defesa, Braga Netto. Se for o caso, convido algum ministro”. 

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Apesar da declaração, ele continuou sem definir um posicionamento claro sobre o conflito entre os dois países no leste europeu. As únicas declarações públicas que ele deu sobre o assunto foram em sua conta do Twitter e em sua live semanal, ambas na quinta (24). Em nenhuma delas ele defendeu ou criticou a invasão russa.

“Deixar bem claro: o artigo 84 diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. […] Nós somos da paz, nós queremos a paz. Viajamos em paz para a Rússia. Fizemos um contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão dos fertilizantes para o Brasil”, concluiu Bolsonaro sobre o assunto.

A viagem à Rússia feita pelo presidente aconteceu na terceira semana de fevereiro. Na data, ele chegou a levantar a hipótese que havia sido “Coincidência ou não” o fato do suposto recuo russo nas fronteiras após seu encontro com o presidente russo Vladimir Putin.

No Twitter, o presidente falou que estava empenhado em proteger os cidadãos brasileiros que estão na Ucrânia. Um posicionamento começou a ser cobrado após a divulgação de um vídeo em que jogadores brasileiros de times ucranianos, moradores de Kiev, apelavam para uma ação da embaixada brasileira. 

Em entrevista ao Café do MyNews desta sexta (25), o professor Vinicius Vieira analisou a posição de Bolsonaro. Segundo ele, o Brasil depende das relações com a Rússia, mas isso não impede de tomar melhores decisões sobre a nossa política externa.

“Ainda que ele desse uma declaração que colocasse o Brasil em cima do muro, ou que conclamasse numa linguagem diplomática as partes a buscar a paz, esperar que o melhor aconteça, seria muito melhor do que ficar em silêncio como Bolsonaro fez”, afirmou o professor. 

Mas, para Vieira, há um alinhamento de Bolsonaro com os ideais de Putin, motivo que também o impede de se posicionar: “Putin e Bolsonaro são quase que gêmeos siameses quando o assunto é a globalização”. O professor explica que a guerra instaurada pelo presidente russo é um ataque direto ao globalismo, movimento ao qual os apoiadores do presidente – em especial sua ala ideológica, olavista – também são contrários. 

Pela ausência de uma resposta contundente do líder brasileiro, o país entra para a lista de nações que não condenaram os atos da Rússia, como a China. 

Para acompanhar mais análises, assista na íntegra à entrevista do Café do MyNews desta sexta-feira (25):

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