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Nesses tempos muito estranhos a campanha política está focada nos militares. Logo eles que são subordinados aos três poderes da República e que, concordam cientistas políticos, não deveriam ser ouvidos no processo eleitoral.

Em 23/07/22 15:33
por Mara Luquet

Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.

Tudo leva a crer que, após três décadas, os militares voltarão a ter papel importante nas eleições presidenciais.
Quem os está convocando é o seu comandante supremo , o presidente Jair Bolsonaro, que se refere às forças terrestres como “nosso exército”.  Talvez por ser um capitão do Exército, reformado em 1988 em razão do resultado de um processo administrativo disciplinar militar.
A pergunta do momento é: até que ponto as Forças Armadas vão entrar na aventura bolsonarista e abandonar seus deveres constitucionais?

Nesses tempos muito estranhos a campanha política está focada, portanto, nos militares. Logo eles que são subordinados aos três poderes da República e que, concordam cientistas políticos, não deveriam ser ouvidos no processo eleitoral.
Mas, esses são tempos muito estranhos. até mesmo para os militares.
A geração do tenentismo – Juarez Tavora e Ernesto Geisel, para ficarmos mais famosos – eram homens que acreditavam na ciência, na cultura, claro dentro de um viés conservador, mas eram “iluministas” , digamos assim.
“Pois bem, o que aconteceu no treinamento dos oficiais generais de hoje que abraçam o obscurantismo com tanta convicção?”, quer saber um observador atento da política nacional.

Fui conversar com alguns militares para tentar encontrar respostas.
“Você não pode considerar os generais de hoje com base nas características pessoais do Heleno, Ramos, Pazuello, Braga Netto e Paulo Sérgio”, me confidenciou um militar de mesma patente, que complementou: “Tem muita gente melhor, com posições firmes e equilibradas”. Ele acredita que cem por cento dos capitães dão de 10 x 0 no Bolsonaro.
Então, não passaria de uma esperança vã do presidente Jair Bolsonaro contar com o apoio das Forças Armadas para melar o resultado das eleições caso perca?
Para o ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, não há por que temer esse discurso do Capitão (veja o video com a íntegra da entrevista).

“Não posso garantir, mas oficiais com 40 anos de serviço não vão comprometer sua formação, a cultura profissional, suas carreiras, suas instituições, suas vidas, suas famílias, por causa de um aventureiro inconsequente como o Bolsonaro”, avalia um militar.
Mas há os que temem que as Forças Armadas marchem para uma aventura pondo em risco as instituições democráticas ou, ainda, que ocorra uma divisão entre os seus comandantes, o que poderia trazer sérias consequências.
Daí a necessidade de que a sociedade se coloque de forma clara e destemida em defesa do normal funcionamento das instituições democráticas.

Lembrando sempre que, numa democracia plena, é normal a alternância de diferentes correntes ideológicas no poder.

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