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TEMPORAL NO RJ

Seis horas de chuvas intensas causam tragédia em Petrópolis e deixam ao menos 104 pessoas mortas

Situação na cidade é “quase de guerra”, segundo o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro. Temporal arrastou morros e causou inundações em todo município, que decretou estado de calamidade pública.

por Julia Melo em 16/02/22 12:17

As fortes chuvas que atingiram Petrópolis durante a terça-feira (15) causaram destruição e a morte de ao menos 104 pessoas, em números atualizados nesta quinta-feira (17). A cidade fica na região serrana do Rio de Janeiro e registrou na data uma quantidade de chuva maior do que a previsão para todo o mês de fevereiro. Eram esperados 238 milímetros para os 28 dias do mês, mas durante seis horas foram registrados 259 milímetros. 

A cidade decretou estado de calamidade pública sob estágio de crise, nível mais alto de alerta para o município. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros ainda não têm a quantidade exata de desaparecidos, mas o Ministério Público do RJ estima que ao menos 35 pessoas não foram localizadas.

Até a manhã desta quinta, 24 pessoas haviam sido resgatadas nas buscas. As informações da manhã da quarta (16) apontavam que pelo menos 301 pessoas estão desabrigadas. Há pontos de apoio distribuídos pela cidade. 

Corpo de Bombeiros trabalha nas buscas por sobreviventes dos deslizamentos. Foto: Reprodução (Corpo de Bombeiros do RJ)

As imagens dos deslizamentos de terra e inundações são impressionantes. Até a madrugada da quarta foram registradas 189 ocorrências de deslizamentos. Na queda do Morro da Oficina, no bairro do Alta da Serra, 80 casas foram atingidas. 

O centro da cidade também foi devastado pelas enchentes após o transbordamento de um rio. Na noite da terça, após a diminuição do nível da água, os corpos das vítimas começaram a aparecer nas vias públicas. Na Rua do Imperador foram encontradas 12 pessoas sem vida.

Após a trégua da chuva, a cidade amanheceu em meio ao cenário de destruição revelado pela diminuição das inundações. Barrancos desmoronados, casas e carros destruídos, ruas cobertas de lama e busca pelos desaparecidos. 

Histórico

Localizada na região Serrana do Rio de Janeiro, Petrópolis tem um quinto de sua área sob alto risco. A cidade já vivenciou desastres como esse no passado, como em 2011, quando o volume de chuvas na região vitimaram 918 pessoas. Na data, as precipitações também causaram estragos nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.

Apesar do histórico, a edição desta quinta da Folha de São Paulo apontou que a gestão do governador do estado do Rio Cláudio Castro (PL) só utilizou 47% do orçamento de 2021 previsto para prevenção e resposta a desastres. A apuração foi feita no Portal da Transparência.

Medidas

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), anunciou na terça o envio de oito ambulâncias e dez aeronaves para auxiliar nos resgates e atendimentos médicos, além de maquinário para auxiliar na limpeza. O governador cancelou sua agenda pública e chegou à cidade ainda na terça.

Da Rússia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tuitou sobre Petrópolis. Disse que, após saber dos danos que as fortes chuvas causaram, ligou para o ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho e para o ministro da Economia Paulo Guedes.

Bolsonaro afirmou que apesar de distante ele e sua equipe continuam “empenhados em ajudar ao próximo” e prestou condolências aos familiares das vítimas. O ministro Rogério Marinho deve chegar à Petrópolis na sexta-feira (18), de acordo com o governador do Rio.

Tweets de Jair Bolsonaro (PL) sobre tragédia. Imagem: Reprodução (Twitter)

O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), anunciou, na quarta, a criação de uma central para reunir as máquinas e materiais necessários para a limpeza da cidade.  Segundo ele, o objetivo é “devolver normalidade à cidade”. Ele pediu, em um vídeo publicado no Instagram, para que as pessoas evitem sair de casa porque a cidade perdeu toda a mobilidade urbana. 

Outra questão que preocupa é o acesso à água potável. O secretário de Estado da Defesa Civil, Leandro Monteiro, afirmou que a água mineral pode ser o maior desafio para enfrentar após o temporal.

Solidariedade 

Nas redes sociais, uma mobilização foi iniciada para ajudar os moradores da cidade. O streamer e comentarista esportivo Casimiro Miguel anunciou numa live desta terça à noite que doou R$ 30 mil para entidades que estão ajudando a mitigar os efeitos da tragédia.

Casimiro ganhou relevância em 2021 pelas lives que faz durante a madrugada em que comenta esportes, games, realities e assuntos do cotidiano. Ano passado, o carioca ganhou o prêmio de Personalidade do Ano no Prêmio eSports Brasil. 

Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) prestaram solidariedade às vítimas. Ambos falaram sobre a necessidade de cobrar o poder público para evitar esse tipo de ocorrência. 

 Algumas personalidades também demonstraram apoio a Petrópolis. O ator Bruno Gagliasso compartilhou o PIX da entidade SOS Serra, que também foi publicado pela ex-BBB e cantora Juliette. As atrizes Tatá Werneck e Maísa deram RT em publicações com a campanha da mesma entidade.

No canal do MyNews você acompanha imagens que mostram a destruição causada pelo temporal. 

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